Por Abimael Costa
No Maranhão, mais de 46% dos adolescentes com idade entre 16 e 17 anos estão fora da escola. A exclusão escolar é uma das razões que explica o número cada vez maior de adolescentes e jovens cooptados por facções criminosas a serviço do tráfico de drogas. Os jovens são seduzidos cada vez mais cedo pelo ‘glamour’ do tráfico, se caracterizam usando sinais e aparatos, como tatuagens, sobrancelhas marcadas, tipo de adereço ou linguagem que os caracterizam como integrantes desses grupos. Embora a capital maranhense lidere o ranking de acesso à educação básica entre as regiões metropolitanas do país, segundo informações recentes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceira com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro (FJP), o retrato no interior do estado é bem diferente.
Para Diana Costa Diniz, professora do curso de Licenciatura do Campo da Ufma e responsável pelo Programa Nacional de Educação nas Áreas de Reforma Agrária (Pronera), embora se enfatize muito a universalização do Ensino Fundamental no Maranhão, de que escola estamos falando? “Da que funciona na casa de farinha, na igreja, na casa da professora?”, pergunta ela, acrescentando que a carência de escolas de Ensino Médio no estado é um fato incontestável.
Para Olinto Nogueira, pesquisador da Fundação João Pinheiro, o índice que registrou médias altas em educação na região metropolitana de São Luís se explica pelo fato da área analisada abranger um espaço pequeno, sem os municípios do entorno. “Como região metropolitana, São Luís é muito pequena. Às vezes, o que está ruim é o entorno da região, não a capital”, afirmou.
Conforme o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), São Luís tem o terceiro pior resultado das capitais nos anos iniciais do Ensino Fundamental, com índice 4,2 pontos, abaixo da meta para 2013, que seria de 4,9 pontos. Nos anos finais, aparece em 10º lugar, com uma nota de apenas 3,8 pontos. No Ensino Médio, medido para o estado como um todo, o Maranhão ficou com conceito 2,8, o quinto pior do país.
Recentemente, uma das consequências da associação entre adolescentes e o crime foi a decisão do Sindeducação em paralisar as aulas por falta de segurança nas escolas “Precisamos envolver a Guarda Municipal, o Conselho Tutelar e a Promotoria da Educação nessa situação que vem crescendo assustadoramente em nossa cidade. Temos traficantes e menores que cometeram ato infracional ameaçando invadir escolas em vários pontos de São Luís”, disse a presidente da instituição, a professora Elisabeth Castelo Branco.
A exclusão escolar contribui de forma significativa para o aumento dos casos de violência envolvendo jovens e adolescentes. A violação de diretos básicos e a ausência de politicas públicas voltadas para os jovens é uma das causas do aumento dos índices de violência envolvendo adolescentes. O assunto foi tema de discussão durante plenária ampliada realizada pelo Fórum DCA e a Rede Maranhense de Justiça Juvenil.
Título original: Violação de direito à educação contribui para aumento da violência envolvendo jovens e adolescentes