Por Ricardo Gutnik
Desejo trabalhar menos, mas quero ganhar bem mais. Insano ? Não, no universo paralelo da Terra Bras-ilha. Lá, tira-se dos menores e acrescenta-se ao ócio dos políticos; dois anos a mais, sem esforço. Moleza ! Analisemos. Quem é o “Menor infrator” ? Cresce, a maioria, na pobreza. Enxerga o mundo pela luxúria das novelas. Sente o gargalo entre sua miséria e a riqueza de Ipanema. É marginal, mesmo calado. Frusta-se. Sente raiva. Precisa lutar. A síndrome de “Robin Wood” é ativada. Uma faca muda sua realidade. Agora, coloca Nike no pé e IPhone no bolso. É um herói.
O “inimigo” reage. A população precisa de respostas. O plural dos Susseranos é raso, suas ações são ágeis e vazias. Como cavaleiros templários, combatem violência com mais violência. Menos na rua, são mais detentos para fraudar licitações. Dois coelhos, uma pedra. A mão pesada do Estado cai nos menores. Agora, o sol nasce quadrado. Dentro, odeiam mais. A sede de vingança é institucionalizada. Os professores do crime treinam bem seus pupilos. Eles crescem moldados no sofrimento. Agora, o mundo ficará a seus pés.
O tempo passa. Novas gerações surgem. A vida é diferente. A violência pontual torna-se caos. A sociedade perdeu sua substância. A adolescência é anulada. Agora todos são igualmente brutais e sem o direito de corrigir equívocos. Perfeito. Com a miséria, os Donos do Mundo concluem seu plano de imbecilização das massas. Pensar é uma lenda há muito perdida.
O Estado brasileiro é anacrônico. Como senhores feudais, controlam de cima para baixo, ao invés de servir a sociedade. Existem numa esfera própria, aonde a pilhagem dos Vassalos é alimentada pelo prazer além do sexual, num processo masturbatório coletivo.
Desenhe uma linha vermelha. Aonde você quer estar hoje e seus filhos amanhã ?