Depoimento emocionante do Coronel Íbis Silva Pereira, chefe de gabinete do comando geral da PM do Rio de Janeiro: “Por que a gente não disputa os nossos meninos e as nossas meninas que a gente está perdendo para o tráfico? Não é reduzindo a maioridade penal não porque isso é abrir mão deles.” Íbis falou ainda sobre as péssimas condições de trabalho dos policiais militares e criticou a política de guerra às drogas, durante a audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Alerj, no dia 19 de maio de 2015.
”As forças públicas de segurança foram envolvidas nessa guerra política e aconteceu uma questão entre nós que ainda precisa ser estudada. No momento em que a gente sai da ditadura, a gente entra numa outra guerra que a gente incorporou, essa maldita guerra às drogas! E é justamente quando acontece essa coisa terrível, a gente sai de uma guerra, o Brasil reencontra a democracia no final da década de 79 e a gente entra numa outra guerra. O inimigo mudou: O inimigo não é mais o garoto lá, o garoto subversivo, o inimigo agora é o traficante de drogas e há mais de 30 anos que a gente está fazendo guerra. Em 1988 veio uma Constituição que dá uma nova cara para a nossa sociedade. Na década de 90 foi a pior época da Policia Militar na terra de guerra. Nós chegamos a ter nesse Estado 56 mortes por 100 mil habitantes durante a década de 90. Foi quando se instituiu entre nós a famigerada gratificação faroeste. Isso já foi política de Segurança Pública de Estado, isso já foi política! Essa loucura já foi política de segurança aqui. Isso tem uma consequência: Quem planta vento, colhe tempestade. O que nós estamos colhendo hoje é a tempestade dessas insanidades que foram chamadas de políticas de seguranças entre nós. É preciso consertar isso, é preciso modernizar a policia, fazer o que deveríamos ter feito lá na década de 90, quando todas as instituições estavam progredindo, se adaptando a nova realidade constitucional, estavam entregando fuzis para garotos de 25 anos, empurrando esses meninos para matar e para morrer dentro da favela.O resultado é esse aí: Uma instituição que parou no tempo.”
Assista ao vídeo!