‘Cada corrupto que se dá bem é um moleque da minha quebrada assassinado’, diz Criolo

Por Thiago Guimarães, BBC Brasil

Nos labirintos da lendária casa de shows Koko, em Londres, Criolo aparenta cansaço ao chegar para a entrevista. Aquele domingo chuvoso era o quarto dia seguido de shows em uma rápida turnê pela Inglaterra.  O repórter teme uma conversa morna pela frente, mas a impressão logo se mostraria errada. Em papo com a BBC Brasil – e no palco em seguida –, o rapper e compositor expôs sua visão sobre a crise no país.

“O que acontece hoje é que algumas pessoas extremamente inteligentes têm em suas mãos um regimento e sabem mexer com esse regimento. Sabem cada espaço, cada fresta, e ali vão criando seu império. E são capazes de tudo para proteger seus interesses, até parar o país e fazer com que as pessoas se matem na rua”, diz ele, em referência ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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Para Criolo, ambiente de rancor no Brasil impulsionado pela crise política é “chuva de ódio” que fortalece racismo e homofobia. Foto: Divulgação

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“Há no Rio um processo perverso de criminalização da pobreza”

Por Marcelo Pellegrini, Carta Capital

O Rio de Janeiro viveu, nas últimas semanas, uma série de arrastões em praias nobres da zona sul, sendo a maioria destas ações protagonizada por adolescentes. A onda de violência causou indignação e medo na população, e foi ampliada pela organização de grupos justiceiros formados por adolescentes de classe média nas redes sociais. Diante deste cenário de descontrole social, as autoridades agiram reforçando o policiamento e realizando bloqueios dos ônibus vindos dos subúrbios, ação que foi interpretada como ilegal pela Justiça. A proibição dos bloqueios irritou o governo, que acusou o Judiciário de “engessar a polícia”, e aumentou a sensação da população de que o governo é incapaz de combater a violência.

Marcelo Freixo - Tomaz Silva / Agência Brasil

Para Freixo, arrastões não podem ser minimizados, mas repressão precisa ser feita dentro dos limites da lei. Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

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Caixa de ódio

Por Bruno Paes Manso*, Revista Trip

O Brasil insiste em depositar uma parcela cada vez maior de sua população em prisões dignas da Idade Média. Mas o encarceramento em massa no país não vem estancando as taxas de criminalidade, pelo contrário. É ali que o crime se articula.

Punir o criminoso em defesa da sociedade e do bem comum. É para isso que as prisões são feitas, com a civilização dando um passo adiante em relação às punições via tortura e morte dos tempos medievais. Mas basta olhar as celas superlotadas de algum centro de detenção provisória de São Paulo, como a da foto ao lado, para perceber que as prisões continuam dignas da idade das trevas e podem produzir efeitos contrários ao que delas se espera.

Caixa de ódio - Revista Trip

Foto: Revista Trip

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