‘Rituais de sofrimento’ em treinamento alimentam violência policial, diz capitão da PM

Por Thiago Guimarães, da BBC

Privação de sono, pauladas, tarefas em salas impregnadas de gás lacrimogêneo e pimenta, almoço misturado com água e consumido com as mãos imundas de terra e pus, humilhação e assédio moral praticados por superiores. As cenas, registradas em um curso recente de formação policial no Brasil, se repetem pelo país. Expõem ainda o predomínio, no treinamento das PMs, de uma “pedagogia do sofrimento” que acaba por alimentar a violência de seus agentes nas ruas.

151231165916_policetraining1_640x360_governodomaranhao_nocredit

Curso de formação de policiais no Maranhão em 2015: treinamento reforça ideal bélico e reproduz violência, avalia pesquisador e capitão da PM. Foto: Governo do Maranhão

Continuar lendo

CPI da violência contra jovens negros pede apuração de Crimes de Maio e caso Amarildo

Por Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a violência contra jovens negros aprovou dia 15 seu relatório final, pedindo que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, analise casos de chacinas e violações de direitos humanos denunciados à comissão durante as audiências realizadas. Entre os casos estão os chamados “Crimes de Maio”, quando pelo menos 505 pessoas foram mortas polícias Militar e Civil paulistas, após os atentados cometidos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), entre os dias 12 e 20 daquele mês, em 2006. Também menciona o desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza, na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.

Alex Ferreira/Câmara dos Deputados

cpi

A deputada Rosangela Gomes defende que casos de violação de direitos humanos sejam analisados pela Justiça Federal

Continuar lendo

Desculpa esse mundo, Eduardo. Desculpa esse mundo.

Do escritor Pablo Villaça, no Facebook e Diário do Centro do Mundo

Eduardo tinha dez anos de idade.

Eduardo tinha pais, irmãos e amigos.

Eduardo gostava de correr, de brincar, de ver televisão, de rir de desenho animado e de comer bobagem antes do almoço.

Eduardo queria ser bombeiro quando crescesse.

Mas Eduardo não vai crescer. Ele começou o dia criança e terminou cadáver. Tinha sonhos e agora é carne machucada e sem vida. Seus verbos agora são no passado.

Eduardo de Jesus

Continuar lendo

Nota Pública do Conanda sobre chacina do Cabula, em Salvador

Por Douglas Belchior, do blog Negro Belchior

“Se só de pensar em matar, já matou”

Racionais MC’s

Assumi, ao lado de valorosas personalidades comprometidas com a promoção dos direitos humanos e sobretudo, das crianças e adolescentes, a tarefa de compor o CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente, no biênio 2015/2016.

Já na primeira Assembleia, a sensibilidade dos membros deste conselho resultou na aprovação da nota pública de repúdio à chacina promovida pela PM, no bairro do Cabula, periferia de Salvador, bem como na instalação de um grupo de trabalho para tratar especificamente sobre o tema Genocídio da Juventude Negra. Continuar lendo

Comissão da Verdade termina com pedido de julgamento de militares e fim da PM

Após mais de dois anos de funcionamento, a Comissão da Verdade chega ao fim nesta quarta-feira (10) tendo detectado “graves violações aos direitos humanos” cometidas de 1946 a 1988. Para evitar a repetição de tais atos, “assegurar sua não repetição e promover o aprofundamento do Estado democrático de direito”, o documento final da comissão encaminha 29 propostas que devem ser adotadas pelo governo e por órgãos públicos. A principal recomendação é que as Forças Armadas assumam responsabilidade, inclusive juridicamente, pelos atos cometidos durante os regimes militares. A comissão também quer o fim das polícias militares, a proibição de atos que comemorem o golpe de 64 e a revogação da Lei de Segurança Nacional. A revisão da Lei da Anistia, que chegou a ser cogitada pelos integrantes do grupo, não foi incluída no relatório.

Comissão da Verdade - Tânia Rêgo/ ABr

Foto: Tânia Rêgo/ ABr

Continuar lendo

Enquanto eles enriquem, a favela morre

Por Maria Frô

Há duas semanas presenciei uma cena em Brasília que me deixou muito surpresa: um policial ao lado do carro que eu me encontrava pára com sua moto no semáforo, vira-se para o motorista do carro ao meu lado e dá uma advertência oral ao condutor. Avisa-o que ele errou ao mudar de pista sem dar seta. O motorista ao invés de agradecer e adotar a orientação começou a discutir com o policial.

Eu fiquei estarrecida com o que vi. Virei para Rodrigo, meu amigo que conduzia o carro onde eu era passageira, e disse: Se fosse em São Paulo, com a polícia violenta que temos, o mínimo que aconteceria a este condutor seria levar uns petelecos, talvez uns tiros. Rodrigo disse: “A PM de Brasília não aceita suborno. Ele vai mandar o cara encostar e aplicar todas as multas das infrações que o malcriado cometeu“. Dito e feito. O condutor infrator e bocudo recebeu a lição de casa, assim que encostou o carro, o bloquinho amarelo do policial entrou em ação. 

vampiros democratização da comunicação

Continuar lendo